DNS quer aumentar o acesso aos cuidados de saúde às pessoas LGBTQIA+
Através de uma ação de formação destinados aos profissionais de saúde, o sistema nacional de saúde pretende melhorar o atendimento da comunidade LGBTQIA+ nas estruturas de saúde.
A Formação de dois dias, que teve lugar hoje, 19 de setembro, na Cidade da Praia, reúne médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, responsáveis da saúde sexual e reprodutiva de todas as delegacias de saúde da região sul do país e representantes das organizações da sociedade civil com intervenção nesta área, para atualizarem os conhecimentos ligados ao género, sexualidade, direitos e saúde das pessoas LGBTQIA+.
Organizada pela Direção Nacional da Saúde, através do Programa Nacional de Saúde Sexual e Reprodutiva, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) e a colaboração técnica do CCS-SIDA e da ACLCVBG, esta ação de formação visa a melhoria do atendimento na saúde e social a esta comunidade.
Durante a cerimónia de abertura da formação, a Diretora Nacional da Saúde, Angela Gomes, enalteceu a importância desta ação para o alcance da Cobertura Universal da Saúde e promoção da saúde para todos, objetivo que faz parte das metas da agenda 2030. Para isso, considerou que o país tem que adequar as suas políticas a grupos específicos.
“Assim como adequamos os cuidados de saúde para a infância, para os idosos, também há grupos específicos que devem ser salvaguardados os seus direitos. Devemos fazer com que os profissionais de saúde estejam capacitados para dar resposta a estas especificidades” garantiu.
Gomes avançou que há necessidade de dotar os profissionais de saúde de ferramentas para aumentar o acesso aos cuidados, reduzir o estigma e a descriminação e oferecer “uma melhor resposta à pessoa humana” independentemente da sua condição.
Já o Representante do Escritório Conjunto do PNUD, UNFPA e UNICEF em Cabo Verde, David Matern, disse que as pessoas LGBTQIA+ podem enfrentar desafios e hostilidade no acesso aos cuidados de saúde, podem sofrer violações dos direitos humanos, incluindo violência criminalização, procedimento médicos inadequados e descriminação. Disse ainda que em Cabo Verde estudos mostram que esta comunidade continua a estar sujeitos a ambiente generalizados de hostilidade que resulta da descriminação no seio familiar, na escola, no trabalho, perante a polícia, nos meios de comunicação social, na saúde e noutras esferas sociais.
“Cerca de 36,6% das pessoas LGBTQIA+ afirmam ter sido vítimas de violência ou de descriminação na sociedade Cabo-verdiana, uma realidade que temos que mudar,” considerou David Matern assegurando que esta formação é mais um sinal do governo em inverter este cenário.
Nesta ação de capacitação serão abordadas várias temáticas relacionadas às necessidades da comunidade LBGTQIA+ e desafios no setor da saúde como o conceito de género como forma de transmissão, reprodução e perpetuação das relações (desiguais) de género na sociedade; conhecer e retratar o conceito de diversidade sexual e sua relação com o género; ponderar sobre os Direitos Humanos, direitos sexuais e reprodutivos, e Direitos das pessoas LGBTQIA+, com foco na sua saúde e sexualidade, sem discriminação e estigmatização.
Perspetiva-se para a próxima semana a realização da mesma ação de formação para a a região norte do país, nos dias 26 e 27 de setembro.