Ministra da Saúde compartilha experiência de Cabo Verde como país livre de paludismo no AfricaCDC 2º Fórum Anual MELP – 17 de fevereiro de 2014
Intervenção: Estratégias Multissetoriais na Eliminação do Paludismo: O Caso de Sucesso de Cabo Verde
Excelências, Distintos Delegados, Senhoras e Senhores,
É com profundo prazer e honra que hoje me apresento perante vós, representando Cabo Verde, um país que se orgulha de um feito histórico: a certificação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como território livre de paludismo, no dia 12 de Janeiro de 2024. Este marco não só reflete o firme compromisso e a liderança exemplar do nosso governo e do povo cabo-verdiano, mas também destaca o impacto significativo da colaboração multissetorial na promoção da saúde pública.
A nossa jornada até este ponto foi marcada por desafios notáveis, particularmente em 2017, quando nos deparamos com um surto preocupante de paludismo. Foi um período que exigiu uma mobilização extraordinária e uma estratégia integrada, abrangendo não só o setor da saúde, mas também envolvendo ativamente áreas vitais como o ambiente, educação e turismo. A adoção de um plano estratégico holístico, sob a égide de uma liderança resiliente e o engajamento de múltiplos setores da sociedade, permitiu-nos superar essa adversidade com sucesso.
Desde janeiro de 2018, testemunhamos o início de um novo capítulo na saúde pública de Cabo Verde, marcado pela ausência de novos casos autóctones de paludismo. Este marco não apenas evidencia a eficácia das nossas políticas e estratégias, mas também impulsionou o país a iniciar o processo de certificação junto à OMS em 2021. Com orgulho, reconhecemos que, seis anos após o registro do último caso autóctone, Cabo Verde foi certificado como livre de paludismo, uma vitória que atesta a força da nossa abordagem colaborativa e o compromisso coletivo na erradicação desta enfermidade.
Este sucesso exemplifica a capacidade de Cabo Verde de responder prontamente a desafios complexos, guiado por uma visão estratégica de longo prazo. A unidade, cooperação e determinação reveladas neste percurso sublinham a essência de um esforço conjunto e coordenado, crucial para alcançar metas significativas em saúde pública.
A erradicação do paludismo em Cabo Verde é, assim, uma demonstração eloquente de que, com a sinergia entre diferentes sectores e a participação ativa da comunidade, é possível superar adversidades e alcançar objetivos de saúde pública de grande impacto.
(Contextualização)
O paludismo, uma doença que por séculos devastou comunidades em todo o mundo, exige uma abordagem complexa e multifacetada para a sua erradicação. Em Cabo Verde, compreendemos cedo que a luta contra esta doença transcendia as capacidades exclusivas do setor da saúde, demandando uma estratégia abrangente que envolvesse diversos setores governamentais e a sociedade civil.
(A Importância da Atuação Multissetorial)
A erradicação do paludismo em Cabo Verde, foi possível graças a uma estratégia multissetorial que integrou esforços de diferentes departamentos governamentais, incluindo saúde, ambiente, educação, cultura e finanças, entre outros.
Esta abordagem permitiu:
1. Planeamento e Implementação Integrados: A elaboração de planos de ação que consideraram os determinantes sociais, ambientais e económicos da saúde, permitindo intervenções focadas não apenas no tratamento, mas sobretudo na prevenção e educação.
2. Gestão de Recursos Compartilhados: A otimização do uso dos recursos disponíveis, garantindo que as iniciativas de combate ao paludismo fossem sustentáveis e eficientes.
3. Fortalecimento da Vigilância e Respostas Rápidas: O desenvolvimento de sistemas robustos de vigilância epidemiológica e de respostas rápidas a eventuais focos da doença, essenciais para evitar a sua reintrodução no país.
Boas Práticas e Lições Aprendidas
A nossa experiência revelou várias boas práticas essenciais para a erradicação do paludismo, especialmente em contextos de países arquipélagos, onde os desafios são amplificados pela dispersão geográfica:
– Engajamento Comunitário e Educação: A mobilização e participação ativa das comunidades foram cruciais. A educação para a saúde permitiu que cada cidadão se tornasse um agente de mudança na prevenção e identificação precoce da doença.
– Integração de Tecnologias e Inovação: O uso de tecnologias inovadoras, facilitou a monitorização e o controle de vetores, bem como a disseminação de informações essenciais à população.
– Parcerias Estratégicas: A colaboração com organizações internacionais e parceiros de desenvolvimento ampliou a nossa capacidade técnica e financeira, permitindo a implementação de estratégias adaptadas às nossas necessidades específicas.
– Adaptação e Flexibilidade: A capacidade de adaptar estratégias em resposta a mudanças epidemiológicas e ambientais, foi fundamental para o sucesso do nosso programa.
Conclusão
Senhoras e Senhores,
A erradicação do paludismo em Cabo Verde é uma conquista mundial, fruto de uma liderança governamental empenhada, e da colaboração entre setores, incluindo parcerias nacionais, internacionais e como turismo.
Esse feito ressalta que é possível vencer desafios de saúde pública, ate em ambientes complexos como cabo verde que por ser um país arquipelágico, graças à sinergia entre comunidades e parceiros. Esta colaboração reforça a nossa capacidade de supera as adversidades, alcançado objetivos significativos na saúde pública.
Encorajo cada um de vós a considera as lições aprendidas e as boas práticas de Cabo Verde, como um guião para ação. Juntos podemos transformar a visão de um mundo livre de paludismo em realidade.
Muito obrigada pela vossa atenção!