Cirurgia da artéria carótida ajuda a diminuir risco de AVC, diz especialista
A especialista em cirurgia vascular, Denise Pereira, disse hoje em entrevista à Inforpress que a realização da cirurgia de “endarterectomia” de carótidas, ajuda os pacientes a evitar risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Em declarações à Inforpress, a médica que participou na primeira cirurgia do género no Hospital Universitário Dr. Agostinho Neto, explicou que o procedimento utilizado foi o de endarterectomia das artérias carótidas que consiste na abertura da artéria carótida, a responsável pela irrigação do cérebro.
Segundo a especialista este problema surge quando os pacientes possuem alguns factores de risco como hipertensão, diabetes e colesterol alto que se acumula nas veias formando as placas de ateroma, composto por gordura, lipídios e cálcio, provocando obstrução.
Ainda segundo Denise Pereira, quando a obstrução chega a um nível crítico o risco de se ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC) é alto, pelo que o paciente deve fazer esta cirurgia que visa restituir a circulação sanguínea e do oxigénio ao cérebro.
“Normalmente os doentes quando já têm uma obstrução nas artérias carótidas apresenta sintomas de alerta como tonturas e muitas das vezes o diagnóstico é um pouco tardio e após se ter um AVC”, disse alertando as pessoas a terem mais atenção e a fazer “xequeio” vascular mais precocemente evitando assim um AVC.
Se assim acontecer, afirma, pode-se evitar, pelo menos, cerca de 20% do ACV, além do doente estar mais atento para controlar os factores de risco como a diabetes, a hipertensão e o colesterol.
Considerou esta cirurgia como um passo “importante” do País para o tratamento de pacientes diagnosticados e com sequelas, que podem correr risco de ter outro AVC e muitas das vezes fatais.
Normalmente, segundo disse, por ser até o momento a única especialista na área no País, conta como a parceria de cirurgiões portugueses, que vêm ao País de seis em seis meses, para realização deste tipo de procedimento, que também se faz a pacientes a seguirem hemodiálise no hospital.
Para que Cabo Verde avance mais nesta especialidade, afirma que é preciso melhorar, investir e apostar mais na área, o que a seu ver, irá elevar o padrão da saúde no arquipélago.
“Esse foi um ganho importante, mas a minha aposta é conseguir tratar não só cirurgicamente, que se faz com uma corte no pescoço para limpar as veias, mas também termos a parte endovascular que é um serviço de hemodinâmica onde conseguimos tratar e fazer angioplastia sem cortes”, disse.
Como especialista em cirurgia vascular, Denise Pereira quer também tratar outras patologias da especialidade como membros inferiores evitando assim amputações e outras complicações vasculares.
Reclama ainda aparelhos mais modernos para conseguir realizar exames e uma maior hemodinâmica na especialidade.
A população apela a um maior cuidado da sua saúde, a realização de diagnósticos precoces, mudança de estilo de vida quando diagnosticado e seguimento da prescrição médica, visto que os cabo-verdianos, segundo disse, não seguem a ordem médica chegando a parar a toma de medicamentos recomendados pelo médico.
As artérias carótidas são vasos sanguíneos responsáveis por conduzir o sangue do coração para o cérebro, sendo que cada pessoa possui duas artérias carótidas. Elas começam no tórax e passam pelo pescoço até chegar ao cérebro.
A doença arterial carotídea é, quando ocorre, o estreitamento ou bloqueio das artérias carótidas. Se não funcionam bem, as artérias carótidas podem causar o temido AVC, que também recebe o nome de derrame ou isquemia.
Fonte: Inforpress/Fim
12/02/2023