O Relatório de Avaliação do Capital Humano do Banco Mundial conclui que 98 em cada 100 crianças nascidas em Cabo Verde sobrevivem até aos 5 anos de idade
Um indicador considerado bastante satisfatório, pois, é comparado com o dos países desenvolvidos. Consideram ser um resultado fruto de políticas assertivas de pré-natal e de prestação de cuidados de saúde materno infantil.
Um outro indicador avaliado pelo Relatório é a taxa de baixa estatura em que apenas 6,2% da população tem baixa estatura, mas consideram que é um dado que tem vindo a diminuir ao longo das últimas décadas. Quanto a taxa de sobrevivência dos adultos, em Cabo Verde espera-se que 87% dos jovens de 15 anos sobrevivam até aos 60 anos de idade, relativizando que este valor é um indicador para a gama de riscos de saúde que uma criança nascida hoje enfrenta, como adulto, nas condições atuais.
De um modo geral, em termos de indicadores de saúde o relatório diz que Cabo Verde apresenta um dos melhores da África Subsaariana. Salienta que houve melhorias significativas em termos de saúde em Cabo Verde pois as taxas de fertilidade tem diminuído ao longo dos anos situando hoje, em mulheres que tem em média 2,5 filhos ao longo da vida. As taxas de mortalidade neonatal também em decréscimo sendo previsível a eliminação das mortes neonatais antes de 2030 e garante que a maioria das crianças em Cabo Verde tem acesso a cuidados neonatais e as vacinas, considerado que o sucesso de Cabo Verde nos resultados de saúde tem em parte a ver com a cobertura vacinal das crianças, que atinge os 95% da população.
Mas, como nem tudo está conseguido, o relatório aponta como desafio para o sector da saúde a prevalência da desnutrição aguda em crianças menores de 5 anos que a nível nacional atinge 5.9% em 2019, sendo acentuada em crianças com menos de 6 meses, atingindo os 22,4%. O relatório aponta que esta carência de nutrientes em crianças tem várias consequências negativas no desenvolvimento do capital humano, nomeadamente um declínio significativo no desenvolvimento cognitivo e uma maior suscetibilidade às infeções e doenças crónicas, o que acaba por levar a diminuição da produtividade.
Segundo o relatório, estima-se que o índice de Capital Humano em Cabo Verde é de 0,53, o que significa que uma criança nascida hoje no país seja 53% produtiva quando crescer comparativamente com o que poderia ser (potencial) se tivesse desfrutado da educação completa e da saúde plena. Cabo Verde está no terceiro nível em termos mundiais, considerando que os resultados no sector da saúde são sólidos, os resultados da aprendizagem relativamente baixos podem condicionar o país de alcançar o mesmo nível de resultado de cuidados de saude nos países de OECD.
Ministra da Saúde defende um trabalho continuo e multissectorial para mais e melhor acesso à saúde
No âmbito da sua participação no painel de discussão “quais devem ser as prioridades nos próximos anos para fortalecer o Capital Humano em Cabo Verde”, no quadro da apresentação do relatório de avaliação do capital humano, hoje na Cidade da Praia, a Ministra da Saúde, Filomena Gonçalves enfatizou que para se conseguir garantir mais e melhor acesso a todas as pessoas aos cuidados de saúde de que precisam é necessário um trabalho contínuo, na valorização dos recursos humanos de saúde, investimentos nas infraestruturas e uma forte aposta na prevenção das doenças e na educação para saúde.
Filomena Gonçalves avançou também que o Governo está a trabalhar no projeto de clinicas móveis levando mais acesso às pessoas aos cuidados de saúde de proximidade, mas também com visitas e deslocação programadas, aliás este último já se iniciou em algumas ilhas, com deslocação de brigadas médicas especializadas, com previsão de ganhos importantes como a diminuição das evacuações internas.
A Ministra da Saúde disse que o Governo está empenhado em reforçar o SNS para prevenção a novas pandemias e epidemias e para isso se candidatou e venceu um pacote de financiamento do Fundo Pandémico, junto do Banco Mundial, o que irá reforçar o país em termos de gestão para sustentabilidade do sector e mais eficiência nos domínios laboratoriais e de vigilância epidemiológica.
A Governante falava no painel, juntamente como o Ministro do Estado, Familia Inclusão e Desenvolvimento Social, Fernando Elísio Freire, e do Ministro da Educação, Amadeu Cruz.