Decorre na Praia a reunião técnica de peritos em VIH Sida da região da África ocidental e central
Durante os dias 14 a 16 de março, a cidade da Praia acolhe uma reunião preparatória de peritos a nível do HIV Sida da região da África ocidental e central, organizado pelo Ministério da Saúde através do CCSSIDA em pareceria com o Instituto da Sociedade Civil para VIH e Saúde da África ocidental e central e a UNUSIDA.
O encontro que antecede ao Fórum de maio, “De Dakar à Praia, Revitalizando a Resposta ao VIH num contexto regional em mudança na África Ocidental e Central” tem como objetivo identificar abordagens e estratégias alternativas viáveis para aumentar a eficácia e a segurança dos programas para as populações.
Segundo a Secretária Executiva do CCSSIDA, Maria Celina Ferreira, esta reunião tem uma grande importância para Cabo Verde na medida em que o país irá acolher o Fórum Político de maio e visa aprofundar os problemas existentes com as populações vulneráveis em relação ao VIH sida na África ocidental e central e debruçar sobre as soluções adaptadas para melhorar os serviços e a eficácia da resposta ao VIH SIDA na sub-região.
Segundo disse melhorar as respostas significa trabalhar os aspetos ligados ao estigma e descriminação, delinear as estratégias de financiamento e procurar a qualidade dos serviços de prevenção diagnóstico e tratamento das pessoas com esta necessidade.
Segundo as evidências apontadas pela Secretária Executiva do CCSSIDA, em Cabo Verde as populações mais afetadas pelo VIH onde a prevalência varia de 2 a 6% são as populações como os usuários de drogas, profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens, pessoas com deficiência e são grupos populacionais que enfrenta viárias dificuldades nomeadamente estigma, descriminação, dificuldade de acesso aos serviços, baixo nível de escolaridade, dificuldades socioeconómicas entre outras.
Para dar resposta a estas situações assegurou que existe um plano estratégico em implementação que tem vários eixos de intervenção desde informação, diagnóstico, tratamento imediato para os casos positivos, e ainda um pacote que mitigam as questões do estigma e promovem os direitos humanos, ou seja, cria as condições para que as pessoas possam saber enfrentar as dificuldades, aceitar a sua condição e viver dentro do respeito e da tolerância.
O CCSIDA disse que Cabo Verde está a trabalhar para que em 2023 possa pedir a certificação de país que eliminou a transmissão vertical do VIH, pois segundo afirmou neste momento 98% das crianças nascidas de mães seropositivas nascem saudáveis e ainda se está a trabalhar para eliminação do VIH no Horizonte 2030 que é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Segundo reforçou este trabalho engloba que todas as pessoas positivas estejam em tratamento, e devem ter todas as informações e proteção por forma a controlar para que não haja novas infeções em Cabo Verde.
Para o Presidente do Instituto da Sociedade Civil para VIH e Saúde da África Ocidental e Central Doauda Diouf o objetivo dos peritos é sobretudo refletir os impedimento que condicionam os países de áfrica de alcançar os Progresso esperados para terminar com a epidemia do VIHSIDA, analisar a questão do financiamento dos programas e das intervenções na região central e Ocidental e também sobre a transmissão do VIH SIDA em Crianças, aspeto que Cabo Verde é um país com muita experiência e lições aprendidas.
A reunião técnica de peritos de Africa Ocidental e Centra reagrupa uma trintena de participantes de vários países da região, OMS regional, UNUSIDA e outros parceiros e coloca tónica nas necessidades não cobertas de serviço de saúde junto das populações chave e prioritários cuja as evidencias indicam que são crianças, adolescentes, mulheres trabalhadores do sexo, pessoas privadas de liberdade, homens que fazem sexo com homens, comunidade LGBTI, entre outras. Ainda é oportunidade de partilha de Boas Práticas e definir estratégias mais adequadas e sustentáveis que garantam a inclusão das referidas populações.
Atualmente, na África Ocidental e Central, as populações mais afetadas pelo VIH/SIDA são mulheres jovens, crianças, trabalhadores sexuais, homens que fazem sexo com homens, pessoas transgéneras, e utilizadores de drogas injetáveis. As raparigas adolescentes e mulheres jovens são responsáveis por quase três em cada cinco adolescentes entre os 10-19 anos de idade que vivem com o VIH. As mulheres jovens são desproporcionadamente afetadas pelo VIH na região porque enfrentam elevados níveis de desigualdade de género, violência baseada no género, e violência sexual. Em situações de conflito, a violência sexual é geralmente utilizada como estratégia de guerra, sendo as mulheres jovens particularmente vulneráveis. Além disso, estes grupos populacionais chave tornam-se vulneráveis pelo estigma, incluindo a autoestigma, a discriminação, a criminalização e o medo, que constituem barreiras ao acesso à informação, e aos demais serviços que deveriam protegê-los da infecção pelo VIH.
A Cimeira de Alto Nível de Dakar sobre o VIH realizada de 30 de outubro a 2 de novembro de 2021 terminou com fortes recomendações para desencadear progressos na resposta à pandemia, especialmente dando prioridade à adaptação de estratégias e programas aos desafios multifatoriais do contexto, repensando abordagens dirigidas aos grupos mais vulneráveis e adotando um novo quadro para um financiamento sustentável.
Em agosto de 2021 em Abidjan foi acordado prosseguir e alargar a conversa de modo a incluir governos, implementadores de programas nacionais, e parceiros técnicos e financeiros, a fim de construir o compromisso de repensar e reforçar programas populacionais chave na região. Neste sentido está previsto uma reunião política regional intitulada “De Dakar à Praia, Revitalizando a Resposta ao VIH num contexto regional em mudança na África Ocidental e Central” que terá lugar em Maio2022 na Cidade da Praia.